PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA



É engraçado ver em algumas academias alunos (e até professores) comentando a respeito de HIPERTROFIA muscular, como se o crescimento dos músculos tivesse diretamente ligado a números, meros dígitos que calculam quantidades de séries e repetições (3x10, 4x12, 3x15) , sem pensar que nossos organismos têm respostas variadas, de individuo para individuo, para os diferentes estímulos propostos nos treinos, Fatores miogênicos, neurogênicos, biomecânicos, psicológicos, que influenciam diretamente nas alterações biomotoras (resistência, velocidade, força) e fisiológicos.


Muitas vezes é possível ver programas de treino, utilizando vários métodos de treinamento, onde muitos deles parecem não seguir uma lógica de raciocínio. A ficha de treino aparenta mais um amontoado de exercícios sem um contexto, do que realmente ser uma planilha de treino organizada e planejada pensando em um resultado desejado.


A idéia de Periodização de treino surgiu em meados do século XX na extinta União Soviética, onde basicamente se tem:

1-Método Clássico de Periodização (Linear)


Nesse método deve-se pensar em como estruturar um período mais longo de treino e dividí-lo em fases especificas que são:

a - Adaptação Anatômica- adequação do corpo aos novos estímulos, também podendo ser realizado após uma pausa prolongada no treinamento.

b-Hipertrofia- Aumento do tamanho do músculo.

c-Força máxima- Aumento do tônus e da densidade muscular.

d-Definição muscular- reduzir o percentual de gordura, aumentar a vascularização, etc.

e- Transição- Regeneração antes de uma nova fase.


2-Método Ondulatório ou de Variação de Ciclos (Não-Linear)

                No modelo ondulatório (não-linear) utiliza-se, durante o ciclo de treinamento, diferentes variações nas sessões de treino, ou seja, pode haver mudança de intensidade e/ou no volume entre um treino e outro.


O treinamento linear estabelece durante todas as fases do treinamento a aplicação de uma mesma faixa de carga e de forma progressiva para o treinamento resultando em um período de recuperação ativa na fase de transição, com percentual de carga sendo reduzido apenas neste momento do treinamento. Diferente da forma não linear que estabelece modificações periódicas sobre os percentuais de cargas a serem trabalhados durante as várias fases do treinamento, alternando-se períodos com sobrecargas de alta, média e baixa intensidade.


Durante a elaboração de um planejamento de periodização de treinamento deve-se pensar em três fatores fundamentais:


Macrociclos

Mesociclos

Microciclos


                OS CICLOS DE TREINO






MACROCICLO

É o tempo total para o treinamento e na musculação encerra-se no peak (auge da forma física do aluno). Na estética significa melhor qualidade muscular, menor percentual de gordura e dentro da melhor harmonia (simetria) possível. Esse período pode variar entre 4 e 6 meses. Na musculação pelo fato da maioria dos praticantes não serem atletas que visam competições o macrociclo é aberto, ou seja: não possui um período final de treinamento.É durante esse ciclo que fica estabelecido o prazo para a obtenção do resultado desejado. Deve ser iniciado com um período de preparação e finalizado no Maximo do desempenho do individuo, passando por algumas etapas.


MESOCICLO

É uma subdivisão do macrociclo de 4 a 8 partes. Eles vão permitir uma melhor definição dos objetivos parciais e oscilação da carga mais conveniente. É a junção de vários microciclos compondo uma FASE DE TREINO. É formado em média por 3 a 6 microciclos (Dantas, 1985). Esse ciclo de treino está diretamente ligado aos princípios do treinamento desportivo.


MICROCICLOS

É a subdivisão do mesociclo, onde se consegue organizar as atividades, as variações de cargas e os momentos de recuperação propiciando o estímulo adequado. São as menores unidades do treinamento e variam de 1 a 4 semanas, extensiva até 6 semanas, nos casos de feriados prolongados, doenças passageiras etc. Vale destacar que essas variações de carga é que proporcionam as adaptações fisiológicas que objetivamos no momento.


Diante da necessidade de periodizar o treinamento, com a finalidade de atingir o objetivo desejado num determinado prazo, faz-se necessário aprofundar um pouco mais o conhecimento em alguns aspectos da metodologia do treinamento.

A idéia de periodização do treinamento parte do principio de dividir um período longo de treino (Macrociclo) em fases menores (mesociclos), com cada mesociclo sendo novamente separado em etapas menores (microciclos). O objetivo dessa subdivisão é basicamente de manipular o volume, a intensidade, a freqüência e o período de tempo das sessões de treino. Buscando o desempenho Maximo do aluno no final desse período de treino (macrociclo).

O macrociclo é dividido em:

1-Período de Base

Fase de Adaptação: Foco principal é voltado para a adaptação do organismo do aluno aos novos estímulos que está sendo exposto. Nesse período os músculos devem ser trabalhados com maior volume e baixa intensidade, buscando a adaptação e o desenvolvimento da resistência muscular localizada.

Fase de Evolução: Tem como objetivo, além de manter os ganhos obtidos na fase inicial, dar ênfase na resistência anaeróbica, aumentando um pouco a intensidade tendo em vista uma boa adaptação aos estímulos iniciais.

2-Período Especifico

Fase Especial: Neste período os mesociclos tem como objetivo aperfeiçoar as características físicas (força e volume muscular) do aluno, assim tem-se um aumento gradativo da intensidade e uma diminuição do volume de treino.

Fase Especifica: Nesta fase há o “polimento” final (qualidade e definição muscular).

A duração de cada etapa dependerá da condição física de cada aluno, sendo sempre respeitado a fase básica e a fase especifica do treinamento, onde cada fase deverá ter um mínimo de três meses para que exista um resultado real.

3-Período de Transição

É a parte final do macrociclo e deve anteceder o reinicio de um novo macrociclo de treinamento. Tem como objetivo promover uma recuperação total do aluno devido ao esforço a que foi submetido o aluno nas fases anteriores. Deve durar de 2 a 4 semanas onde diminui-se a intensidade e aumenta um pouco o volume.

Assim, faz-se necessário um planejamento de periodização bem formulado, pensado para os objetivos reais do aluno, onde através das particularidades que cada método apresenta utilizar do bom senso ao manipular as valências físicas e aplicar com coerência intensidade e volume ao treinamento. Esta na hora de esquecer as formulas prontas (muitas vezes infundadas), parar de reproduzir treinos de revista, e entender realmente o que cada estimulo traz como resposta para o corpo do nosso aluno. É preciso aprofundar-se na idéia de periodização, entender cada fase dos ciclos (macro, meso e micro) e utilizar o conhecimento a favor do treinamento e da busca pelo resultado. Lembrar que o que é bom para mim, pode não ser tão bom para o meu aluno.



Prof.: Arthur Felipe Lisboa Alécio